05/06/2009

política com "p" pequeno


"a pequena política dos pequenos políticos"

As eleições europeias estão à porta e os resultados não surpreenderão pois, estranhamente, o PS pode ganhar em cima da linha ou perder por um fio, pelo que qualquer um dos resultados são possíveis. É o desgaste natural de quem, no Governo, tomou medidas difíceis, umas com as quais concordo, outras, claramente, precipitadas e próprias de quem não amadureceu e reflectiu tecnicamente bem nas soluções que acabou por tomar.

No rescaldo, pesarão mais a contabilização do que correu mal do que as decisões difíceis que se impunham e foram úteis ao país.

Justiça seja feita a José Sócrates. Nunca Portugal teve um PM que de uma coisa não pode ser acusado: de não ser capaz de decidir. Acho mesmo que poderá ser acusado do inverso, isto é, de decidir leviana e apressadamente sobre assuntos que mereceriam, dos gabinetes dos senhores membros do Governo, alguma maturidade de análise, muito mais conhecimento técnico, nalguns casos, e a necessária dose de reflexão, antes da tomada de decisão.

Por força da consultadoria que presto a algumas grandes empresas e ao contacto que tenho tido com ante-projectos de diplomas legislativos, bem como, atendendo aos contactos estebelecidos com alguns gabinetes governamentais, posso adiantar que a percepção que tive e tenho é a de que esta última fase de Governação Socialista começa a ser confrangedora mesmo para quem, inicialmente, como eu, apoiou incondicionalmente este Governo e o seu PM.

Hoje o que vejo é uma abrupta diminuição qualitativa dos membros escolhidos para os gabinetes dos membros do Governo. Os próprios membros do Governo, que, no início, faziam questão de demonstrar alguma diferença ética e de desapego face às mordomias que os respectivos cargos conferem, em comparação com o que sucedeu com membros de anteriores executivos, já estão na chamada "roda livre", onde tudo é feito sem o menor pudor e com o máximo descaramento. Motoristas ao serviço de familiares, almoçaradas e jantaradas, milhas ganhas com as viagens de Estado, aproveitadas para benefício próprio!

Enfim, triste sina a nossa!
É o nosso país real.

Este Domingo, pela primeira vez, VOTAREI EM BRANCO pois é a forma mais democrática que encontro para manifestar a minha mais veemente contestação e repúdio por tais atitudes e comportamentos. Também corresponde ao meu desagrado face à forma como nenhum partido quis discutir as questões europeias, como seria suposto.
A esses políticos de "p" pequenino relembro que quando tudo passar (e se há coisa certa na vida de um político é de que um dia tudo passa) eles serão exactamnte iguais a qualquer português (e em alguns , muitos, casos, terão mesmo mais dificuldades que o comum do português, e, nesse dia, quem sabe, receberão, pela medida certa, as devidas respostas aos seus comportamentos, no exercício do poder.

Sem comentários: